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Valide Seu Sentimento: Permita-se Odiar

     Meditação, novena, eucaristia, h'oponopono, 21 dias de arcanjo Miguel, Terapia, mantras holísticos, capoeira, incenso, vela de 7 dias, vela de 1,76 cm queimada no santuário de Aparecida, tambor, culto de libertação: absolutamente nada tira aquele sentimento por aquela pessoa que trouxe maldição em minha vida. Nada.     Fui em busca de perdoar somente pela pressão da convenção social. Todos querem que nos nos livremos desse sentimento que não podemos nem mencionar sem que as pessoas expressem uma fisionomia previsível de espanto.     É um tal de "perdoa porque vai te fazer bem" ou aquela conveniência de ter que perdoar porque a minha vida não vai andar para frente.     Deus teria que ser muito sádico se Ele tivesse brincando de atrasar minha vida de mãe solo, sem rede de apoio e cansada, só porque eu estou validando o meu sentimento puro de ódio para com aquela pessoa que jogou terra na minha cara enquanto eu me apresentava vestida de vulnerabilidade.     Eu aprendi t
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Eu não sou o amor da vida de ninguém

 Não fui escolhida para ser par na festa junina. Quando sobrou eu e o menino mais rejeitado e bagunceiro da turma, as professoras imediatamente "formaram o par" que ia dar os canos no dia da apresentação, que seria num sábado encalorado de um  inverno. Eu tinha 8 anos. Também não fui a primeira melhor amiga da minha primeira melhor amiga, nesta mesma idade. E só descobri isso 25 anos depois quando ela postou no Instagram a foto da primeira melhor amiga dela de infância e não era eu. Deixei de ser a filha preferida quando o filho homem desejado finalmente chegou após 6 anos da minha existência, eu perdi a preferência, os brinquedos de sexta-feira e a festa de aniversário que fora divida por uns 5 anos seguidos até eu abrir mão de vez de comemorar. Eu também não fui a neta favorita, nem a sobrinha favorita. Colecionei poucos amigos e na educação física eu também não era a líder da turma. Eu nunca cheguei perto de ganhar uma eleição de representante de sala da turma que eu frequ

O homem que mata macaco

O título tem o peso de uma tonelada de indignação, mas não foi criado para ser clickbait , e sim, para que a pessoa já começasse a ler com a mesma força do ódio que foi escrito.  Eu nunca engoli este homem. Meu radar para pessoas simpáticas demais, boazinhas demais, sorridentes demais o tempo todo, sempre apitou. Eu não acredito que é humano não sentir nem um pouquinho de angústia, raiva e indignação, mesmo quando o ambiente não permite que nós sejamos carregados de ódio. Existe uma linha tênue entre não misturar o lado profissional com o pessoal, mas, como não ser nós mesmos mais de 10 horas por dia dentro de um mesmo ambiente?! É como o BBB, uma hora a gente vai vacilar, vai pegar o macarrão que caiu no ralo da pia, enquanto escorria a água, e colocar de volta na panela para todo mundo comer.* Acontece que o homem que mata macaco não é o tipo de pessoa que faz cena não, todo aquele sorriso cristão, não faz questão de esconder a perversidade ao espalhar erroneamente que o mamífero tra

Esquina da Fiusa com a Garibaldi

Dispensa o café e me traz o espumante porque hoje vou vestir a melhor roupa para sair da fase de merda que atravessei no dia eu conheci aquela esquina da avenida  Fiusa com a Garibaldi. Enquanto eu descia as escadas, logo imaginei que minha agitada vida de mulher solteira bem remunerada, mudaria de rumo. Nestes intervalos, azedamos outras esquinas, como a São João com a Ipiranga e foi ali que você me apresentou o inferno pela primeira vez. Amargurada por uma vulnerabilidade não prevista, atravessei a correnteza de uma tromba d'água na qual fui sobrevivente.  Alcancei o apogeu quando saí finalmente de alta da gelada casa branca, e uma vez mais, você me fez apertar a mão do diabo. Senti a dureza de um chão frio acolhendo minhas costas, enquanto eu mergulhava nas incansáveis lágrimas e ranho, que regavam o vazio que você deixava em pouquíssimos metros quadrados. Eu já não estava mais visitando o umbral, eu era o próprio umbral escrevendo uma nova história de dentro da masmorra. Fiz am

Depois dos 30 a gente não tem amigas

Eu sempre fui a amiga do " vamo " e do " vô ". Subserviência total nas amizades. A amiga largou do boy? "Cris, vamos no Terra Chopp?"       - Vamo .      A amiga não largou, mas quer largar? "Cris, vamos ao bar do chorinho? Acho que não quero mais casar." - Vamo .      A amiga está sem companhia para sair. "Cris, vamos sair para comer?" - Eu sempre fodida de grana, recuo. "Vou não, estou sem grana." Mas, minutos depois. "Ah, vamo , refiz as contas, dá para ir" - "Ih, mas eu já chamei outra amiga." " Beleza, eu economizo nessa ". Pensei, genuinamente. Mas, poderia ter dito  "Caralhas, mas você só sai com uma amiga, não pode sair com duas?" Porém, esta resposta só veio na minha mente uma semana depois.     Também fui a amiga distraída - ainda não tinha sido diagnosticada com TDAH -  que foi cobrada injustamente por não prestar atenção na mana que estava mal no rolê.      E u tinha dado a m

Homens que não conversam, não me interessam

      Já fui casada com um e não sou amiga de ninguém que não desenrola meia hora de papo interessante. Olha que nem sou muito exigente com o editorial que a pessoa pode oferecer. Seja lá qual for o assunto, se não tiver uma parágrafo formado num diálogo, que conta sobre o dia frustrante ou que cortou o dedo enquanto picava cenoura, eu perco total interesse.       O silêncio de qualquer encontro me deixa invadida de ruídos na mente, incomodada como se tivessem várias abelhas zumbindo dentro do meu crânio, alguém precisa silenciar meu (in)consciente com algum papo que me tira desse tédio.     Fala alguma coisa, pô! Desenrola!      O que pode oferecer o homem que não cria conexão pelo diálogo? Nem sexo bom porque homem calado não lubrifica nem a alma, quem dirá a vulva. Fico sequinha diante de uma porta fria que é rodeada por um batente mediano.      Homens que não conversam é o gozo sem expressão, não mata a sede que esta cidade seca nos proporciona ao sair na rua por vinte minutos para

Os ódios de mãe

A mãe na busca de recolocação no mercado de trabalho carrega dentro de si vários ódios, o primeiro é na hora de preencher o currículo: "Solteira com filho? Deixa em branco, não é relevante." Entrevista marcada, estuda a empresa, se prepara para todos os tipos de perguntas, inclusive as famosas: "Mora com quem?" "Quantos filhos tem?" "Quem fica com os filhos." Se mora com os filhos, o ódio número três já vem embutido nas respostas e imediatamente repara na expressão facial da recrutadora. Geralmente, a apresentação pessoal vêm antes da apresentação da competência. O ódio número quatro está se depois de falar se tem filhos, a recrutadora está de fato prestando atenção em todas as suas qualidades profissionais ou se está desenhando o sol, árvore e passarinhos na folha descartável que se tornou o seu currículo. O mercado de trabalho maltrata as mães mais que o baby blues, mais que peito rachado e muito mais que noites sem dormir. O mercado de trabalh