Dispensa o café e me traz o espumante porque hoje vou vestir a melhor roupa para sair da fase de merda que atravessei no dia eu conheci aquela esquina da avenida Fiusa com a Garibaldi.
Enquanto eu descia as escadas, logo imaginei que minha agitada vida de mulher solteira bem remunerada, mudaria de rumo.
Nestes intervalos, azedamos outras esquinas, como a São João com a Ipiranga e foi ali que você me apresentou o inferno pela primeira vez.
Amargurada por uma vulnerabilidade não prevista, atravessei a correnteza de uma tromba d'água na qual fui sobrevivente.
Alcancei o apogeu quando saí finalmente de alta da gelada casa branca, e uma vez mais, você me fez apertar a mão do diabo.
Senti a dureza de um chão frio acolhendo minhas costas, enquanto eu mergulhava nas incansáveis lágrimas e ranho, que regavam o vazio que você deixava em pouquíssimos metros quadrados.
Eu já não estava mais visitando o umbral, eu era o próprio umbral escrevendo uma nova história de dentro da masmorra. Fiz amizade com o diabo e com a ácida loucura que me consumia.
E todo esse recalcado foi a força estranha para me trazer para a cena de hoje, com taça e risada alta. Todo sintoma borbulhou com o espumante que trouxe cócegas em minhas narinas, eu brindo em um adorável silêncio.
Medo, descanse em paz.
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