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Mostrando postagens de outubro, 2022

Não era um texto meu que você queria?

Bem no início, quando a gente comensurava as palavras, os gestos e ainda colocava a melhor roupa para estar na presença do outro, fui cobrada como ninguém em uma relação envolvente deveria ser: "Eu queria ser um personagem de seus textos. Ser amado como os outros que amou nos seus textos." Senti.  Como explicar licença poética e amores  idealizados? Como explicar que nem tudo vivi e nem todos realmente amei? E os deboches que eu eternizei em escritos em forma de romance? Mas por quê caralhos estou sendo cobrada? Nenhuma mente, que estrutura palavras e sentimentos e transborda em letras públicas, funciona na base da pressão. Eu vou escrever quando eu quiser e nisso eu me tolhi por dois anos.  Escrevi e não divulguei. Mas guardo arquivado as impublicáveis dores em meio à solidão que me enterrou viva durante o período mais caótico da minha vida. Você não merecia viver para sempre acima da minha assinatura dada à mim com tantos planos envolvidos. Você esperava, como todo narcisis

Eu ainda não terminei de viver

 "Deus, eu ainda não terminei de viver!" Foi exatamente este pensamento que eu tive quando a morte tentou me levar naquela sexta-feira 13 do mês de outubro de 2017. Em frações de segundos, enquanto caía de 10 metros, eu projetei o que eu ainda queria viver e que ali não era o momento terminar tudo.  Não era justo. Poderia ter saído mais pensamentos como: "Eu padeci até aqui. Agora que eu tenho chance de poder experimentar talvez ser esposa e mãe, vai me tirar assim, de forma tão estúpida? Então é assim, a gente planeja e é você, Deus, quem decide que não vou terminar de ler o meu livro e dar comida para o meu gato?" Venho do futuro, quase 5 anos depois, para dizer que Deus realmente queria que eu fosse mãe e tirasse essas cascas de tangerina que Caetano enfiou dentro da minha meia, que só fui perceber na hora de ir para o Pilates. Obrigada, Deus! Vou lá trocar de meia. Essa experiência maluca de ser mãe, hoje solo, talvez sempre solo, é o clichê de toda mãe que trab

Um título clichê de volta

Parece uma volta, mas não é. Eu vou fingir aqui que vou pegar firme no texto, mas meu diagnóstico em TDAH vai pregar mais uma peça em todos nós, eu não vou voltar certinho semanalmente, mas aqui estou eu depois de arquivar vários textos nos últimos anos por medo ou vergonha do pensamento alheio. Desde o último texto, eu já fui do céu ao inferno 15 vezes. Se fosse para descrever sobre os últimos acontecimentos, eu precisaria de ajuda dos autores mais populares das novelas brasileiras. Daria uma trama de Glória Perez, com coisas absurdas que qualquer um diria que jamais aconteceria na vida real, com pausas em botecos tradicionais para dar um alívio cômico; Teria um pouco de enredo do Benedito Ruy Barbosa, que vai colocar um cenário bem interiorano de coisas conservadoras que tive que enfrentar; Na fase escrita por Gilberto Braga, cá estou eu enfrentando Odetes Roitmans com deboches da elite falsa moralista que encontrei por aí; Mas com certeza eu seria descrita como a vilã de João Ema