Pular para o conteúdo principal

Do outro lado do muro

Do outro lado do muro existe uma outra realidade... 

Quando resolvi escrever sobre essa realidade, eu tive plena consciência que mais do que polemizar ou impressionar, a intenção é só conscientizar sem lição de moralidade.
 Há um pouco mais de três anos eu trabalhei na ASFA (Associação São Francisco de Assis). Local que atende crianças carentes em todos os sentidos.
Conheci crianças que me ensinaram a ter mais paciência, mais amor e mais sensibilidade aos problemas sociais. Descobri outra realidade que estava presente há poucas ruas do meu bairro. E talvez distantes demais aos olhos dos nossos governantes. Essa realidade não é nova. Sempre existiu, sempre acompanhou a humanidade.
Deparava com crianças que todos os dias eram torturadas e abusadas sexualmente por homens sem dignidade nenhuma para qualquer tipo de adjetivo. Mães que agrediam sem compaixão nenhuma vossos filhos, crianças com pais, sem pais... Crianças que viram seus pais sendo assassinados... 

Crianças que tinham as únicas refeições diárias fornecidas pela instituição e pelas escolas que estudavam.
O jeito agressivo que algumas crianças tinham, seus gritos, seus xingamentos e crises de histeria não poderia ser tratado com castigos e nenhum tipo de penitência. Toda a rebeldia tinha que ser tratada com amor, atenção e muito diálogo. Se eu não tinha formação em psicologia a vida naquela instituição me ensinou.

Mas todas essas crianças tinham o desejo de serem amadas, cuidadas, queriam mais e mais chamar a atenção. Um trabalho árduo mas que compensava a cada sorriso, pelo menos ali estavam seguras.

"As vezes pensamos que a pobreza é apenas fome, nudez e desabrigo. A pobreza de não ser desejado, não ser amado e não ser cuidado é a maior pobreza. É preciso começar em nossos lares o remédio para esse tipo de pobreza." (Madre Teresa)
Madre Teresa que em sua vida dedicou todo seu amor aos  mais necessitados.

Além dessa realidade muito próxima que pude conviver há uma realidade que vou citar de uma forma um pouco mais abrangente.
Muitas vezes ouvimos a seguinte colocação: "Enquanto você está jogando comida fora tem muita gente passando fome." É verdade. Mas o fato de não jogar a comida fora e comer "forçado" não vai fazer com que milhões de famintos no mundo sejam saciados enquanto você guarda a comida que jogaria fora. Mas o fato é ter consciência que existem SIM muitas pessoas que lutam dia-a-dia por um simples prato de comida.

Acredito que todos sabem que a África é o Continente que mais sofre com a fome e a pobreza. Pelo menos  150 milhões sofrem com a mais escassez de alimentos, e além de tudo isso sofrem muito com os conflitos internos que só tendem mais ainda mais a grande ruína.
Sei que deve está pensando: "E eu com isso?". Realmente não cabe, de uma maneira individual, resolver todo esse problema que sempre existiu. 
Mas por que reclamamos tanto da vida?
Será que apesar de tanto sofrimento essas pessoas reclamam da vida como, talvez, reclamamos?

Não podemos ajudar um Continente, um Estado, tampouco uma cidade. Mas uma maneira de ajudar o próximo começa pela auto consciência. Ajudar o outro não é dar aquilo que sobra. Isso não é ajudar. O que devemos fazer é compartilhar o que temos, não o que já não nos é mais necessário. 

"O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o." (Madre Teresa)

Por hoje é só, amigos.

(Sem revisão)

Comentários

lidiane disse…
Putz falou tudo!! Parabéns cada dia arrasando mais e mais! Sucesso!!!
Shirley disse…
Eu estou sem palavras para falar sobre esse texto, realidade e tapa na cara. Fui voluntária de um orfanato Caribe, hoje ajudo contribuindo com uma quantia por mês, mas eu sei que eles precisavam, talvez até mais do meu calor humano, mas coloquei meu projetos em primeiro lugar, lotei a minha agenda e não dei mais conta de ir lá toda semana.
Conscientização, olhar pra vida e derepente mudar, mas não é fácil, talvez pelo simples fato que não nos conscientizamos, ainda.
Perfeito o Texto!!! Sem mais...
Dini disse…
Nossa , eu merecia ler isso realmente, reclamo por tão pouco... Cris a pobreza de amor, a pobreza de paz de espirito,realmente deve doer...O egoísmo, o girar em torno de nós mesmos , faz com que nos faça cegos a ponto de não ver a realidade nua que está ai , se mostrando a todo tempo.Parabéns e obrigada por me fazer enxergar ...Eu realmente via, enxergar e reconhecer é diferente! Parabéns!!
Amiga, belo texto!
Acredito que podemos sim mudar o mundo inteiro, se cada um fizer a própria parte de começar mudando ao seu redor.
Parabéns!
Chris Ribeiro disse…
Nós, 'homo sapiens', temos o poder sim de mudar e influenciar tudo ao nosso redor.
Só mesmo parafraseando o Bono Vox pra deixar bem claro o que penso sobre o assunto. Não precisamos de algo tão extraordinário assim como levar o homem a lua, só precisamos trazer a humanidade de volta à terra, nesta terra capitalista e extremamente consumista.

Bom, realmente não é uma tarefa fácil, e por isso concordo com o que a Fernanda disse acima, se cada um fizer sua parte, podemos mudar o mundo agindo localmente.

Ps.: 10 procê, trenzim! Post fino por demais!

@ChrisRibeiro
Unknown disse…
Cris vc escreveu tdu ,sao palavras sinceras q comovem e mexe com a gente mas tem um porem....
as pessoas só se comovem no momento e depois elas esquecem di tdu o q leu aki =/ as vezes até lembramos mais achamos fazer algo tao simples, tao dificil.....infelismente essa é a verdade..mais eu tento né e eu tenhu certeza q vc tbem... bjo ti adorooo to com saudades dos nossos dialogos.. :D

Postagens mais visitadas deste blog

Valide Seu Sentimento: Permita-se Odiar

     Meditação, novena, eucaristia, h'oponopono, 21 dias de arcanjo Miguel, Terapia, mantras holísticos, capoeira, incenso, vela de 7 dias, vela de 1,76 cm queimada no santuário de Aparecida, tambor, culto de libertação: absolutamente nada tira aquele sentimento por aquela pessoa que trouxe maldição em minha vida. Nada.     Fui em busca de perdoar somente pela pressão da convenção social. Todos querem que nos nos livremos desse sentimento que não podemos nem mencionar sem que as pessoas expressem uma fisionomia previsível de espanto.     É um tal de "perdoa porque vai te fazer bem" ou aquela conveniência de ter que perdoar porque a minha vida não vai andar para frente.     Deus teria que ser muito sádico se Ele tivesse brincando de atrasar minha vida de mãe solo, sem rede de apoio e cansada, só porque eu estou validando o meu sentimento puro de ódio para com aquela pessoa que jogou terra na minha cara enquanto eu me apresentava vestida de vulnerabilidade.     Eu aprendi t

Eu não sou o amor da vida de ninguém

 Não fui escolhida para ser par na festa junina. Quando sobrou eu e o menino mais rejeitado e bagunceiro da turma, as professoras imediatamente "formaram o par" que ia dar os canos no dia da apresentação, que seria num sábado encalorado de um  inverno. Eu tinha 8 anos. Também não fui a primeira melhor amiga da minha primeira melhor amiga, nesta mesma idade. E só descobri isso 25 anos depois quando ela postou no Instagram a foto da primeira melhor amiga dela de infância e não era eu. Deixei de ser a filha preferida quando o filho homem desejado finalmente chegou após 6 anos da minha existência, eu perdi a preferência, os brinquedos de sexta-feira e a festa de aniversário que fora divida por uns 5 anos seguidos até eu abrir mão de vez de comemorar. Eu também não fui a neta favorita, nem a sobrinha favorita. Colecionei poucos amigos e na educação física eu também não era a líder da turma. Eu nunca cheguei perto de ganhar uma eleição de representante de sala da turma que eu frequ

Depois dos 30 a gente não tem amigas

Eu sempre fui a amiga do " vamo " e do " vô ". Subserviência total nas amizades. A amiga largou do boy? "Cris, vamos no Terra Chopp?"       - Vamo .      A amiga não largou, mas quer largar? "Cris, vamos ao bar do chorinho? Acho que não quero mais casar." - Vamo .      A amiga está sem companhia para sair. "Cris, vamos sair para comer?" - Eu sempre fodida de grana, recuo. "Vou não, estou sem grana." Mas, minutos depois. "Ah, vamo , refiz as contas, dá para ir" - "Ih, mas eu já chamei outra amiga." " Beleza, eu economizo nessa ". Pensei, genuinamente. Mas, poderia ter dito  "Caralhas, mas você só sai com uma amiga, não pode sair com duas?" Porém, esta resposta só veio na minha mente uma semana depois.     Também fui a amiga distraída - ainda não tinha sido diagnosticada com TDAH -  que foi cobrada injustamente por não prestar atenção na mana que estava mal no rolê.      E u tinha dado a m