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Ser cativado ou criar expectativa? De quem é a culpa, afinal?


Muitos defendem a frase famosa do livro do Pequeno Príncipe "Você é responsável por aquilo que cativas". Por outro lado, há quem defenda que você é responsável pela expectativas que cria em relação à outra pessoa.

Concordo com os dois pontos de vista porque tudo depende do contexto e da experiência de vida. Somos cativados, muitas vezes, por pessoas que se tornam presentes em nossas vidas e que, em meio à correria e frieza deste mundão, conseguem nos dar um pouco daquela atenção que nos conforta. De repente tudo muda, a pessoa se afasta e some. Vem a frustração.

Por outro lado, não somos presos à indivíduos e temos que ser livres e felizes por nós mesmos.
Existem inúmeras pessoas que cativam sabendo que a outra pessoa, digamos assim, vai se apegar. E mesmo sabendo que não vai corresponder à altura, continuam cativando. Sabe por que? Pra massagear o ego. (Já escrevi sobre isso aqui).

A experiência e a maturidade nos ensinam muitas coisas. Neste caso, podemos observar:

A) Sabemos quando a pessoa está nos olhando diferente e está dando atenção de maneira especial, com isso notamos quando ela faz questão de se fazer presente. Aí eu pergunto, você percebendo tudo isso e na certeza que não vai corresponder, você corta laços ou dá mais corda?

B) Quando estamos na luta para cativar outra pessoa, quando não cegos, percebemos que essa pessoa não olha em nossos olhos como gostaríamos, não vem atrás da gente quando estamos esperando uma iniciativa, não corresponde à altura todo nosso esforço para cativar mais e mais. Aí eu pergunto, você percebendo essa frieza e distância, vai continuar investindo ou vai partir para outra?

O poeta Augusto Branco disse que "A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem a intenção de amá-la." Duro nestas palavras (que já foram atribuídas erroneamente à Bob Marley), o poeta esquece que há quem desperte o amor sem intenção de despertar mesmo, é como "deixar a vida me levar". Por causa de que? Da imaturidade e a falta de consideração de se colocar no lugar do outro. 

Volto neste ponto porque no fim, as duas pessoas: as que cativam sem intenção de amar, e as que criam expectativas, não passaram pela dura experiência da vida que ensina, muitas vezes, na dor e na perda.

Não sejamos duros com quem ainda não sentiu o mesmo amargor que nós e que cria sim expectativa, baseando na atenção dada propositalmente (ou não). Nem todo mundo atingiu a maturidade espiritual da liberdade.

Mas confesso que sinto falta da minha inexperiência que me fazia acreditar mais nas pessoas, época que eu me deixava ser cativada e me jogava até o fim, até quebrar a cara. Acreditava que todos eram bons até que provassem o contrário.

Hoje o caminho é mais pesado. Necessitamos o tempo todo que a pessoa prove que é boa o suficiente para viver em nossa liberdade.

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