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A hora do adeus

A garrafa sobre a mesa, demonstrava a quantidade de doses que ela tomara naquela noite. Não só por restar um quarto da bebida, mas porque os seus olhos baixos e inchados de tanto chorar, exalavam o tamanho da dor embriagada naquele quarto à meia luz.

Estava entrelaçada em seus dedos, a caneta que utilizara para escrever fragmentos em papéis espalhados e amassados pelo pequeno cômodo do seu sobrado frio. 

"Se tiver que voltar, volte arrependido de verdade..." 
"Embora me deixastes com buraco em meu peito, vou te esperar."
"Sei que vai implorar para que eu volte com você e estarei pronta"
"Estarei esperando você no mesmo lugar do primeiro beijo"
"Sinto sua falta, por favor, volte"

Mas, o único papel que ainda não tinha amassado e ela o segurava com uma das mãos, estava em branco. Levantou-se e foi em direção de sua cama e colocou a folha sem pautas e sem tintas debaixo de seu travesseiro. Deitou-se. Sonolenta e com uma leve embriaguez, sussurrou antes de pegar no sono: "Quero sonhar com uma nova história em minha vida."

E mesmo sem entender, precisou aceitar que é necessário estar pronta para a hora do adeus. 

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