Quando a vontade da reclusão vem, entro em um esconderijo tão
íntimo a ponto de acreditar que ninguém vai invadir e sequer vai perceber a
distância que me encontro do universo.
Só quero ficar aqui, faça-se o silêncio, me deixa escutar somente
a minha forte respiração enquanto ela bate nas páginas do livro amarelo.
Sinto meu nariz coçar a cada virada de folha, até minha
rinite está me agradando neste silencioso estar.
O mundo lá fora eu não quero mais, hoje estou exatamente
confortável com este meu pescoço torto apoiado em um travesseiro colorido.
Quero levar minha imaginação bem no alto, esticá-la até tocar em Deus, enquanto
sinto meus pés fixos no colchão entre o edredom. Este mundo é tão meu.
Continuem fazendo silêncio enquanto continuo esticada sem
fazer nada. É nesta hora que fertiliza meus pensamentos e não consigo mover
sequer a perna.
Estou só nas vésperas do fim do mundo. Opcionalmente
retirei-me do barulho e me pertenço. Sou a pessoa mais estranha, mas sou minha.
Sou a mulher mais perturbada, mas sou toda minha. Tenho os desejos mais
insanos, mas são meus. Tudo aqui é meu, até minhas vontades que não podem ser
executadas me pertencem.
Mundo meu, egoísmo meu, sonho meu e é neste silêncio que
posso esperar o fim do mundo e este pode ser o último texto da minha vida.
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