O diálogo é longo, gostoso e com pausas para gargalhadas.
Eles se olham profundamente nos olhos e por alguns segundos o silêncio toma
conta junto com medo.
Ninguém quer se render aos encantos que o outro oferece. Não
se pode apaixonar por aquele abraço gostoso, nem por aquele perfume que ficou
na blusa após a despedida.
Ah, a despedida sempre fica com incerteza de um possível
reencontro. Ambos estão certos do quanto é bom estar juntos, mas não sabem se é
tão bom quanto a liberdade de escolher quando podem se reencontrar.
Ah, a liberdade que é o tempero mais sublime da felicidade.
É bom ser pássaro, é bom voar. Mas quem consegue voar com os pés no chão? Quem
consegue correr sem parar e olhar para trás?
Ah, o passado que atormenta o hoje trazendo lembranças ruins
que não permitem acorrentar-se ao presente. Ele é o culpado do não, dos anseios e de toda sensação de
independência que nos cerca agora.
Mas o beijo é bom, a companhia é gostosa e a cerveja gelada sela os encontros casuais que acaba com gosto de “garçom traz a saideira”.
E eles se encontram esporadicamente, se falam com
frequência, mas não sabem se amanhã vão acordar juntos. Eles bebem até a última gota o presente.
Amanhã não pertence a nenhum dos dois, mas hoje eles estão
bem, obrigada.
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