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O mal do século é a carência

Com muita audácia eu contradigo Renato Russo*: o mal do século é a carência. A falta de afeto nos leva a baixo autoestima, nos submete a relacionamentos sem amor, sem paixão.
Carência é perder horas e horas lendo coisas tristes, escutando músicas tristes. Nos consumimos de bebidas e entregamos a prazeres ocultos. Depois o que nos resta no dia seguinte é a ressaca moral, que nos consome feito rio de lágrimas ao encontro do mar de lamúrias.
A carência é o prato principal para rapazes e moças loucos por uma noite de prazer com quem vive a lamentar de seus amores fracassados.
A carência vai além de mulheres choronas nas páginas do Facebook, crianças submetem a choros e gritos escandalosos por um ídolos que não sonham com a existência de seus fãs. Mulheres que se escandalizam de maneira horrenda por rebolados masculinos na televisão. Homens que se apegam às fantasias sexuais na mais profunda imaginação. Falta de carinho pode nos levar à loucura, à dependência física de pessoas nos quais sentimos apenas atração. Confundimos sentimentos de amizade, de amor, de coleguismo e no fim, sempre nos decepcionamos.
Carência nos deixa doente por querer apenas seguir tendências de magreza, modismo e um relacionamento perfeito aos olhos da sociedade. Aí se não conseguimos acompanhar, caímos no rivotril, no amargo sabor de boldo depois de tanto vomitar desamor e decepções.
O pior da carência é quando a expomos... Nos expomos... Chove de pessoas interessadas a aproveitar do momento de fraqueza para penetrar como sanguessugas de alma. E nisso, nosso inimigo por trás aplaude em pequenos sorrisos.
Temos que nos bastar. Nos amar, embelezarmos com uma pincelada de sorriso. Vamos nos libertar desse mal.
E tenho dito!


*Refere-se a letra da música de Legião Urbana: Esperando por mim

Comentários

Shirley disse…
Esse seu texto me lembrou uma frase do Bob Proctor: Carência e limitação só conseguem existir quando damos espaço a elas em nossa mente.
Bordunga disse…
Concordo tanto,mas tanto com vc, que até me falta o que comentar.
Se as pessoas se bastassem mais, se não vivessem tanto em função dos outros, da mídia, do parceiro ou da parceira, seria mais fácil, até, amá-las. É muito bom amar quem se ama (vale aí o duplo sentido!).

Beijo no coração, coisa querida.

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