Pular para o conteúdo principal

No "Coletivo"

Para quem nunca usou um Coletivo é bem interessante saber o que se passa dentro de um e para quem usa vai se identificar com algumas situações!
"Coletivo da classe desprovida de um automóvel ou habilitação para dirigir: Ônibus"
Às 7 da matina, hora de "pegar" o bendito ônibus para o trabalho, se você for uma pessoa azarada, como eu, você vai entrar dentro do ônibus depois que ele pegou todos os passageiros! A primeira luta: Onde ficar?
Aí você se ajeita num lugar mais ou menos com a bolsa ENORME que todos esbarram nela, e aquele movimento "João-bobo" começa.

João bobo = Passageiro de ônibus

Sempre têm umas pessoas que fazem questão de ouvir seu radinho sem fone de ouvido!! É o cúmulo da falta de senso. Um dia desse pedi pra uma pessoa, que estava curtindo um sertanejão, colocar uma música da Janis Joplin, já que é pra todos ouvirem, que toque música de todos os gostos. É o mínimo. Mas não deu muito certo. Levou na brincadeira, infelizmente.


Não queria falar do odor desagradável em plena 7 horas da manhã. Como é possível existir alguém que já esteja com o desodorante vencido?? Isso existe!!
É possível analisar os diferentes modos de comportamentos das pessoas que utilizam do transporte público de acordo com os bairros. Diferentes níveis de educação. Em alguns bairros é comum pessoas cederem o lugar (obrigatório) para gestantes, lactantes, idosos e portadores de necessidades especiais. Em outros bairros pessoas até finge que está dormindo para não ceder o lugar. Lamentável...
Um dia tive que pedir encarecidamente (BRAVA) para o motorista do ônibus parar porque havia uma gestante em pé enquanto pessoas ocupavam o lugar obrigatório reservado a ela de direito.
Muitas histórias, muitas confidências já ouvimos durante o "passeio" de ônibus. É praticamente um confessionário. Funcionários falando mal do chefe (é incrível como não se ouve elogios), pessoas falando do seus relacionamentos, desabafos... 
Há quem aproveita a viagem para ler um livro, para fazer suas orações, para fazer uma ligação (que é muito divertido ver como as pessoas expõem tanto suas vidas).
Momentos que eu mais me divirto é quando entra criança no ônibus, o medo inocente achando que vai cair a qualquer momento chega até ser bonitinho! E toda criança adora sentar em banco "alto".

No Coletivo também é possível fazer amizades!
A amizade no Coletivo, em sua maioria, começa já no ponto de ônibus:

- "Bom dia!" - Sorrisinho meio largo.
- "Bom dia!" - Sorrisinho meio largo correspondido.
- "Você viu se o LAPA já passou?"
- "Eu acabei de chegar."
- "Hum..." - Sobrancelha levantada - "Obrigada!"
  (Sem fala, apenas o sorrisinho meio largo)
- "Nossa que calor né?" - E ainda assim a pessoa insiste em puxar assunto.
- "É mesmo." - Uma olhada no relógio e o pensamento: Não vai vir logo esse ônibus, não to afim de papo.

Se você não passou por isso, certamente vai passar!!
O transporte público é desprovido de qualidade em grande parte. Se o trabalho oferecido fosse de alta qualidade, conforto, baixas tarifas e pontualidade, facilitaria muito a todos. Porque o Coletivo, em dias de hoje, é fundamental para melhorar o fluxo de veículos circulando nas ruas. Não se pode ter o pré-conceito de que ônibus é coisa para quem não tem carro. Mas isso é utopia. Sabemos que o sistema não funciona assim.

É um lugar onde se testa quase todos os tipos de preconceitos. Afinal somos desconhecidos, e em muitos momentos é necessário (ou não) sentar com quem nunca se viu e o "bom dia, boa tarde, boa noite" não faz mal pra ninguém, mas parece que faz.
Entre tantos momentos de constrangimentos, momentos cômicos e lamentáveis, tenho que dizer que é possível se encantar com a diversidade no Coletivo. É bom conhecer diversos costumes, manias, cheiros, sotaques... Não podemos privar de um mundo único, tudo nessa vida é válido como experiência. É um lugar onde todos têm o mesmo direito dentro de tantas diversidades....

E tenho dito!

Comentários

Shirley disse…
O engraçado de se pegar coletivo todos os dias as 06:30 da manhã quando a maioria está indo trabalhar, é que se passa realmente por todas essas situações, pessoas com odor logo cedo, pessoas que não tem o seu foninho de ouvido, achando que todo mundo deve ouvir as suas músicas e as vezes até figuras interessantíssimas de conhecer, adoro textos realistas, bjocas...
Filippi disse…
Vai no balanço do busãããooo hahahaha
Unknown disse…
Cris,

Você é uma figura. Gosto do jeito alegre e leve que você leva a vida. Faz a a gente viver carinhosamente seu dia, seu ritmo. Gosto do seu humor e sua alegria. Parabéns pelo texto. Vc é um sucesso.

Postagens mais visitadas deste blog

Valide Seu Sentimento: Permita-se Odiar

     Meditação, novena, eucaristia, h'oponopono, 21 dias de arcanjo Miguel, Terapia, mantras holísticos, capoeira, incenso, vela de 7 dias, vela de 1,76 cm queimada no santuário de Aparecida, tambor, culto de libertação: absolutamente nada tira aquele sentimento por aquela pessoa que trouxe maldição em minha vida. Nada.     Fui em busca de perdoar somente pela pressão da convenção social. Todos querem que nos nos livremos desse sentimento que não podemos nem mencionar sem que as pessoas expressem uma fisionomia previsível de espanto.     É um tal de "perdoa porque vai te fazer bem" ou aquela conveniência de ter que perdoar porque a minha vida não vai andar para frente.     Deus teria que ser muito sádico se Ele tivesse brincando de atrasar minha vida de mãe solo, sem rede de apoio e cansada, só porque eu estou validando o meu sentimento puro de ódio para com aquela pessoa que jogou terra na minha cara enquanto eu me apresentava vestida de vulnerabilidade.     Eu aprendi t

Depois dos 30 a gente não tem amigas

Eu sempre fui a amiga do " vamo " e do " vô ". Subserviência total nas amizades. A amiga largou do boy? "Cris, vamos no Terra Chopp?"       - Vamo .      A amiga não largou, mas quer largar? "Cris, vamos ao bar do chorinho? Acho que não quero mais casar." - Vamo .      A amiga está sem companhia para sair. "Cris, vamos sair para comer?" - Eu sempre fodida de grana, recuo. "Vou não, estou sem grana." Mas, minutos depois. "Ah, vamo , refiz as contas, dá para ir" - "Ih, mas eu já chamei outra amiga." " Beleza, eu economizo nessa ". Pensei, genuinamente. Mas, poderia ter dito  "Caralhas, mas você só sai com uma amiga, não pode sair com duas?" Porém, esta resposta só veio na minha mente uma semana depois.     Também fui a amiga distraída - ainda não tinha sido diagnosticada com TDAH -  que foi cobrada injustamente por não prestar atenção na mana que estava mal no rolê.      E u tinha dado a m

Eu não sou o amor da vida de ninguém

 Não fui escolhida para ser par na festa junina. Quando sobrou eu e o menino mais rejeitado e bagunceiro da turma, as professoras imediatamente "formaram o par" que ia dar os canos no dia da apresentação, que seria num sábado encalorado de um  inverno. Eu tinha 8 anos. Também não fui a primeira melhor amiga da minha primeira melhor amiga, nesta mesma idade. E só descobri isso 25 anos depois quando ela postou no Instagram a foto da primeira melhor amiga dela de infância e não era eu. Deixei de ser a filha preferida quando o filho homem desejado finalmente chegou após 6 anos da minha existência, eu perdi a preferência, os brinquedos de sexta-feira e a festa de aniversário que fora divida por uns 5 anos seguidos até eu abrir mão de vez de comemorar. Eu também não fui a neta favorita, nem a sobrinha favorita. Colecionei poucos amigos e na educação física eu também não era a líder da turma. Eu nunca cheguei perto de ganhar uma eleição de representante de sala da turma que eu frequ